Ilha Sonora
Sobre

A instalação “Ilha Sonora” trata de uma ficção sobre a possiblidade do som como criador de territórios para além daqueles visíveis e percebidos pela sociedade. O projeto baseia-se na premissa do movimento das ondas sonoras como agenciador de estruturas matéricas, onde a frequência e a vibração variam em sua função organizadora e ao mesmo tempo Um conjunto de arquivos busca traçar os caminhos teóricos e metodológicos dessa ficção, demonstrando as pesquisas de campo realizadas para o desenvolvimento de tal teoria, mesclando elementos factuais, científicos, com outros poéticos, inventados.
esquizofrênica.

Desta forma, a ficção sobre a Ilha Sonora parte da afirmação de que a paisagem sonora do antropoceno, com o tempo, foi influenciando na geografia do estuário do rio Guaíba e, devido à variação de suas frequências, intensidades e alturas, estes sons acabaram por interferir diretamente no solo, movimentando sedimentos e gerando um acúmulo suficientemente grande para culminar no surgimento de uma nova ilha – imaginária, invisível, ou ainda, nunca percebida.

A Ilha, de fato, está em constante mutação e agenciamento, no meio do espaço expositivo. O improvisado deslocamento dos resíduos de sua formação, além da sua localização geográfica invisível é o que interessa para a artista: a narrativa fictícia criada sobre a ilha nada mais sugere ao público do que uma outra dimensão do tempo-espaço em relação ao som, e ao que ele está́ produzindo, diariamente e matéricamente, para além da nossa percepção. O trabalho busca criar este diálogo entre o som e a cidade, colocando nas mãos do público o poder de criação de um território possível que, de modo colaborativo, vai se reformulando a cada transição sonora.

Camila Proto - Ilha Sonora

Camila Proto é mestranda em Artes Visuais pelo PPGAV UFRGS. Seu trabalho, tanto no âmbito poético quanto investigativo, percorre o campo sonoro a partir de propostas participativas e conceituais, criando um diálogo entre ficção e sociedade, resistência e comunidade, som e linguagem. Em 2017, participou do Circuito Universitário Internacional da Bienal de Curitiba, onde foi premiada com o segundo lugar pelas instalações interativas-sonoras “Signos” e “Língua-mãe”. Em 2019, participou do NIME (International Conference of New Interfaces for Musical Expression), em Porto Alegre, com a instalação “Ilha Sonora”, qual também foi selecionada para o Prêmio de Arte Contemporânea da Aliança Francesa, junto à instalação “Quasi-ópera: suíte para 5 vozes brasileiras”. Foi contemplada com o edital de residência artística do Vila Flores (POA), onde realizou o projeto “Zona de Escutas”, mapeando o imaginário sonoro literário da América Latina, e reconfigurando, a partir dessas escutas, seu território.