A instalação “Campos Elíseos” trata da relação entre o ser humano e a natureza, além de questionamentos a respeito da vida artificial, da interatividade e do silêncio. Normalmente, a relação dos humanos com a natureza é de caráter predatório, destruindo suas fontes e impondo a dinâmica conquistatória que lhe é particular. Nas últimas décadas, o planeta tem sofrido com aquecimento global, extermínio da fauna e flora, ocupação desordenada do território, etc. colocando a harmonia da natureza cada vez mais à mercê da ação humana, que não respeita limites e causa uma crescente destruição do ecossistema.
A intenção desta instalação é propor um outro comportamento possível, que passa por uma relação dialógica entre homem e natureza, onde seja possível uma escuta e não apenas a imposição de poder por um único ser – o humano – que se apropriou da Terra em um modo de vida altamente destrutivo em relação aos recursos naturais, em um crescendo exponencial especialmente após a revolução industrial. A proposta é que, ao invés deste monólogo, seja aberto um espaço para a escuta, que possa dar lugar tanto a outras vozes que são constantemente abafadas pelo discurso humano, mas também para a ausência de discurso – o silêncio – que deixa lacunas abertas para que novas formas de diálogo possam ser estabelecidas.
A obra é composta por seres artificiais com autonomia e vida própria, que se comunicam através da emissão de sons particulares. Estes seres são autômatos que vivem de luz, seja ela solar ou artificial, e estão dispostos no espaço de forma irregular, preferencialmente misturados à natureza. Idealmente, a instalação acontece em um jardim ou mata, onde estes seres se encontram camuflados em meio à folhagem das plantas que lá estão, com elas convivendo harmonicamente. Os sons emitidos pelos seres artificiais têm volume baixo, e assim não agridem o contexto natural do lugar. O objetivo da obra inclusive é que estes sons coabitem o espaço sonoro com os pássaros, insetos e outros animais, sem hierarquias.
A interatividade da instalação é efetuada pelo próprio caminhar do visitante, que, alterando sua posição no espaço, muda a relação de escuta com os seres que estão vivendo nele. Para ouvir seu canto, o visitante deve andar pelo espaço – em silêncio – buscando ouvir a melodia de cada um e suas respectivas relações espaciais.
Henrique Roscoe é artista audiovisual, músico e curador. Graduado em Comunicação Social (UFMG) e Engenharia Eletrônica PUC/MG), possui Especialização em Design e Cultura (FUMEC) e Mestrado em Poéticas Tecnológicas, pela Escola de Belas Artes da UFMG. Trabalha na área audiovisual desde 2004, explorando caminhos da arte generativa e visual music; investigando as relações entre som, imagem e narrativas abstratas simbólicas. Com o projeto audiovisual conceitual e generativo HOL se apresentou nos principais festivais de imagens ao vivo no Brasil como Sónar, FILE, ON_OFF, Live Cinema, Multiplicidade, FAD e também no exterior, na Inglaterra (NIME, ICLI, Encounters), Alemanha (Rencontres Internationales, Spektrum), França (Bains Numériques), Polônia (WRO Biennale), Escócia (Sonica), EUA (Gameplay), Grécia (AVAF), Itália (LPM e roBOt), México (Transitiomx) entre outros.
Institucional
FAD (Festival de Arte Digital) é um encontro de novas tendências das artes tecnológicas. Desde 2007, o Festival de Arte Digital vem difundindo os temas da Arte através de Novas Tecnologias. Neste período, o FAD foi premiado duas vezes nacionalmente pelo Ministério da Cultura sobre a exploração inventiva de novas tecnologias no campo da arte e da comunicação. Em 2018, realizou especialmente a primeira edição da Bienal de Arte Digital, com o tema “Linguagens Híbridas”, reforçando a reflexão sobre as aproximações entre arte, ciência e tecnologia, e com a missão de, a cada dois anos, valorizar o pensamento crítico sobre os processos digitais e tecnológicos da vida e na arte.
Realização: MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal.
Patrocínio: Gerdau
Apoio: CBMM
Direção: Márcia Guimarães
Coordenação de Programação: Luciana Amormino
Coordenação do programa coMciência: Marina Andrade
Assessoria de Comunicação: Paola Oliveira
Design: Ana Paula Costa Andrade
Assessoria de Imprensa e Digital: Rede Comunicação
Curadoria do Edital CoMciência: Alexandre Milagres e Tadeus Mucelli
Parceria: FAD – Festival de Arte Digital
Desenvolvimento do Website: Adapta Online